Tem se observado um conflito, aparentemente silencioso, que passa despercebido por muitos cristãos: o conflito de gerações na igreja. O conflito entre os crentes mais antigos, digamos assim, e os crentes dos dias de hoje.
Os mais antigos dizem: os crentes de hoje querem
fazer de tudo, não temem a Deus. Os mais novos retrucam: parece que tudo, para
nós cristãos, é proibido!
É inegável o fato de que o mundo nas últimas três
décadas passou por profundas transformações, principalmente na área de
comunicações. Antes, apenas os mais abastados tinham o conhecimento mais
disponível e a comunicação mais fácil.
Com os avanços da tecnologia, todos têm acesso
facilmente à informação. Todos têm acesso à internet; é comum pessoas com mais
de duas linhas de telefone celular; a televisão é encontrada na maioria dos
lares. Isto tem contribuído para o surgimento de uma geração mais bem
informada. Nem todos acompanharam este avanço.
Os jovens questionam mais facilmente qualquer coisa
que ouçam ou vejam. Querem saber o “por que” das coisas.
Na igreja não é diferente. Encontramos aqueles
irmãos com vários anos de fé, que trazem consigo toda uma bagagem do que
aprenderam, e encontramos uma nova geração de cristãos que questionam muito dos
hábitos até então praticados pelos crentes de sua igreja.
O ponto central da questão é que, geralmente, muitos
cristãos mais antigos, falam de certas coisas que crêem não serem agradáveis a
Deus, mas não explicam pela palavra de Deus o fundamento daquilo que defendem.
Os mais novos por sua vez querem saber o “por que” tal coisa é proibida, ou
tida como mal para a vida cristã.
É necessário que os mais novos saibam respeitar os mais velhos; considerar e
respeitar tudo aquilo que aprenderam e praticam até hoje; é uma história de
vida e de fé. O que guardam e observam fazem para agradar a Deus. E não se pode
ignorar a experiência que possuem.
Os mais velhos devem tratar os mais novos como a
filhos mui amados, com paciência e consideração. Nada se resolve pela força. É recomendável
procurar conhecer bem a palavra de Deus, a fim de se evitar que os mais novos
sejam sempre julgados a partir de conceitos que não estejam amparados pela
Bíblia.
Com todo o
respeito, muitos de nossos irmãos, há vários anos atrás, praticavam
certos costumes que hoje não existem mais. Temos histórias que em certo período,
muitos cristãos não ouviam rádio, para evitar a contaminação (influência) pelas
músicas e novelas que passavam à época; outros não bebiam sequer qualquer tipo
de refrigerante. Devemos criticá-los por isso? Claro que não!
Devemos considerar com todo respeito nossos irmãos
que aprenderam o que praticam e se sentem bem com isso. O que não pode ocorrer
é ignorar aquilo que realmente a palavra de Deus recomenda para uma firme fé no
Senhor.
Os crentes mais velhos não podem ignorar a força dos
mais novos na igreja; e, muito menos, os mais novos podem ignorar a experiência
dos mais velhos. É preciso juntar as duas forças: a experiência dos mais velhos
com o vigor dos mais novos. Todos juntos servindo a Deus com alegria.
Paulo orientou a igreja em Roma (Rm 14), em sua
época, que os crentes tolerassem uns aos outros. Ele fala do caso de alguns que
não comiam certos tipos de alimentos e guardavam dias, e faziam isto com o
sentimento de agradarem a Deus, e comenta sobre outros que não faziam restrição
de nada por acreditarem que tudo foi dado por Deus. Tanto um grupo como o outro
faziam o que faziam com o sentimento de agradar a Deus; o grupo que se abstinha
de comer certos alimentos e guardar algum dia faziam como devoção ao Senhor, e
o outro grupo tudo quanto faziam agradeciam a Deus com ações de graças. Em tudo
Deus era louvado. Paulo orientava que a medida a ser usada era o amor (leia
todo o texto do capítulo 14 da carta de Paulo aos Romanos).
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